segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Busca

Sentei numa calçada qualquer, cansada da minha vida e sonhos destruídos, todas aquelas pessoas que passavam, nem notaram quantas lágrimas eu derramei sem chorar. Fiquei estática, olhando fixamente o nada. Todas aquelas conversas, barulhos não me distraiam. As nuvens ganhavam formas de segundos em segundos, pois os ventos estavam fortes e aquilo me chamou a atenção. Uma noite fria e cinzenta descreviam meu espírito. Ao sair de casa havia uma busca a se fazer... Mas não sabia o que procurava, nem se encontraria então, parar ali me pareceu uma boa opção. Pingos de chuva começaram a cair e como num sopro de sanidade cai em realidade.
Memórias de dias passados, como um filme antigo guardado e esquecido começaram a rodar, aquele sentimento de saudade misturado com tristeza invadiu meu coração. Tanto tempo se passou e me senti abandonada como aquelas memórias. Haviam tantas feridas em mim que já não me reconhecia, existia uma estranha vivendo em meu cor
po, uma estranha fria, sombria e sozinha.
O desejo de alguém aparecer e me salvar no terceiro ato era desesperador. Talvez eu o convidasse a se sentar e desfrutar do meu momento sombrio, ou ele apenas cedesse seu ombro, ouvi dizer que ombros são de grande valia no mundo da esperança. Talvez ele me tirasse desse chão frio e me levasse para um lugar longe... E aquecesse minha ideia de não estar mais sozinha.
A noite foi ficando cada vez mais escura e toda minha analogia fez sentido naquele momento. As vozes foram ficando cada vez mais longe, meus pensamentos começaram a me perturbar, a tempestade começara a cair, fiquei sob ela na esperança de acordar daquele pesadelo. As luzes das casas foram se apagando, as pessoas sumiam da minha vista, percebi que não importava o quão demorasse a sair dali, ninguém iria me salvar.
Devagar sem muitas forças e molhada pela chuva, levantei daquela calçada e caminhei de volta para casa, olhei novamente para o céu, as nuvens sumiram, havia somente estrelas, talvez fosse uma resposta as minhas preces.
Continuo buscando algo, um caminho, um motivo... Mas até lá minha alma terá que esperar.